Causas da Guerra
A Segunda Guerra Mundial é um prolongamento da Primeira (1914–18), cuja conclusão deixou na Europa uma série de questões não resolvidas, ou mesmo criou problemas novos: o Tratado de Versalhes, imposto à Alemanha pelos vencedores, foi excessivamente pesado e gerou ressentimentos que exacerbaram o revanchismo dos alemães; numerosas minorias étnicas foram colocadas sob domínio estrangeiro, criando focos de tensão interna e tendendo a se unir à pátria-mãe (particularmente no caso dos alemães); finalmente, a disputa das potências industriais por mercados e matérias-primas não foi solucionada satisfatoriamente, pois Alemanha, Itália e Japão continuaram carentes de insumos para suas indústrias. Seguindo a lógica imperialista da época, esses três países iriam se associar em uma aliança agressiva e expansionista, denominada Eixo.
A ascensão de Mussolini ao poder na Itália, em 1922, inaugurara um regime político totalitário, militarista e fortemente nacionalista, denominado fascismo e situado ideologicamente na extrema direita. A Crise de 29, agravando os problemas econômicos e sociais dos países capitalistas, estimulou as camadas populares a apoiar movimentos extremistas, tanto de esquerda (comunismo) como de direita (denominados genericamente fascismos, por serem inspirados no modelo italiano). O apoio da burguesia a estes últimos foi decisivo para que eles assumissem o controle de vários Estados, dos quais o mais importante foi a Alemanha, onde Hitler tomou posse na chefia do governo em 1933. O expansionismo nazista seria o fator determinante para a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
O avanço dos países do Eixo constituía uma ameaça aos interesses das grandes potências da época: Grã-Bretanha, França, URSS e EUA. Mas nenhuma delas opôs uma resistência efetiva. Os governos britânico e francês adotaram a política de apaziguamento, cheia de concessões aos agressores; a URSS, sob a ditadura de Stalin, encontrava-se isolada por parte das potências capitalistas, e os EUA haviam assumido uma postura isolacionista, como se os problemas exteriores ao continente americano não lhes dissessem respeito.
A progressão dos países do Eixo foi implacável:
O Japão tomou a Manchúria (1931), pertencente à China, e depois atacou novamente esta última (1937); a Itália conquistou a Etiópia (1936) e a Albânia (1939).Mas foi a expansão da Alemanha que levou diretamente à guerra: ocupação da região desmilitarizada da Renânia (1936), anexação da Áustria (1938) e dos Sudetos (também em 1938), pertencentes à Checoslováquia, invasão da própria Checoslováquia (março de 1939) e, finalmente, o ataque à Polônia (setembro de 1939), que deu à Grã-Bretanha e França um pretexto para declarar guerra à Alemanha. Estava iniciada a Segunda Guerra Mundial.
As partes em conflito
A maioria das pessoas acredita que o Eixo era formado apenas pela Alemanha, Itália e Japão. Não obstante, Estados menores lutaram ao lado dessas potências, a saber: Finlândia, Hungria, Romênia, Bulgária, Eslováquia, Croácia (as duas últimas emancipadas respectivamente da Checoslováquia e Iugoslávia) e Tailândia. Além disso, nos países conquistados pelas potências do Eixo, contingentes maiores ou menores das populações locais apoiaram os invasores (foram os chamados colaboracionistas), enquanto outros os combatiam (ficando conhecidos como Resistência ou partisans).
Os países que se opuseram ao Eixo adotaram o nome de Aliados – que já fora utilizado na Primeira Guerra Mundial e foi repetido na Guerra do Golfo, em 1991. As principais potências envolvidas foram a China (desde 1937), Grã-Bretanha e França (1939), URSS e EUA (1941). Ao todo, fizeram parte dos Aliados (ou Nações Unidas) 51 Estados, entre os quais o Brasil. Muitos, porém, proporcionaram apenas apoio material, sem entrar propriamente em combate; tal é o caso de quase toda a América Latina, onde apenas Brasil e México enviaram tropas ao campo de batalha.
Principais operações militares
A Segunda Guerra Mundial, por sua amplitude e duração, contou com inúmeras campanhas e batalhas importantes. Neste texto, iremos nos reportar apenas àquelas que tiveram influência decisiva na evolução do conflito.
Empregando de forma combinada todos os elementos militares de que dispunham (aviação de assalto, aviação de bombardeio, blindados, artilharia e infantaria), os alemães criaram uma tática de combate denominada Blitzkrieg (Guerra-Relâmpago), de efeito esmagador. Ela lhes permitiu dominar rapidamente a Polônia e, em 1940, praticamente toda a Europa Ocidental – inclusive a França, que foi obrigada a se render. Mas a falta de recursos navais impediu Hitler de invadir a Grã-Bretanha e o levou a atacar a URSS. Os alemães avançaram profundamente no território soviético, até serem finalmente detidos na Batalha de Stalingrado (nov. 42/fev. 43). O Japão, envolvido contra a China desde 1937, atacou os EUA em dezembro de 1941, bombardeando a base naval de Pearl Harbor, no Havaí. Os japoneses conquistaram todo o Sudeste Asiático e o Pacífico Central, chegando às fronteiras da Índia e próximo da Austrália. Todavia, derrotados pelos norte-americanos na batalha naval de Midway (jun. 42), passaram a lutar defensivamente, de forma obstinada e até mesmo desesperada, tendo em vista que se tornou habitual lutarem até à morte, inclusive através de ataques suicidas.
A Itália foi invadida pelos Aliados em 1943. Mussolini, refugiado no norte do país sob a proteção dos alemães, foi capturado por guerrilheiros comunistas italianos e assassinado em abril de 1945. Hitler suicidou-se três dias mais tarde, quando os soviéticos se encontravam a três quarteirões de seu abrigo subterrâneo, em Berlim. A Alemanha capitulou pouco depois, em 8 de maio. Antes, em junho de 1944, ocorrera o célebre Dia D, quando tropas anglo-americano-canadenses desembarcaram na Normandia – região da França, então ocupada pelos alemães.
O Japão somente se rendeu em 15 de agosto de 1945, quando o imperador Hirohito anunciou pessoalmente, pelo rádio, a capitulação do país. Essa decisão foi consequência dos devastadores efeitos produzidos pelo bombardeio atômico das cidades de Hiroshima e Nagasaki, ocorridos respectivamente em 6 e 9 daquele mês.
O emprego de bombas atômicas contra o Japão, a fim de forçá-lo a cessar a luta, foi ordenado pelo novo presidente dos EUA, Truman (o presidente Franklin Roosevelt falecera em abril de 1945). Atualmente, os historiadores tendem a considerar que a ação norte-americana foi desnecessária, já que a capacidade de resistência dos japoneses estava em seu limite. Assim sendo, os bombardeios atômicos (com cerca de 200 mil vítimas fatais, sem considerar as sequelas da radioatividade) teriam sido, fundamentalmente, um meio de intimidar a URSS – já no contexto da futura Guerra Fria.
Consequências da Segunda Guerra Mundial
O mundo que emergiu do terrível conflito era bastante diferente daquele que existia em 1939. As potências do Eixo estavam esmagadas, mas também a Grã-Bretanha e a França saíram debilitadas da guerra. Para definir a nova relação de forças internacionais, cunharam-se duas expressões: superpotências e bipolarização – mostrando que o planeta se encontrava dividido em duas zonas de influência econômica, política e ideológica, controladas respectivamente pelos EUA e URSS. Do confronto entre ambos (Guerra Fria) resultaram a Guerra da Coréia (1950–53), a Guerra do Vietnã (1961–75) e a Guerra do Afeganistão (1979–89). Somente em 1985, com o início da Perestroika (reestruturação econômica) e da Glasnost (transparência política), implantadas por Gorbachev na URSS, esse cenário instável começou a se desfazer.
O socialismo marxista ganhou considerável impulso com o crescimento do poder soviético, após a Segunda Guerra Mundial. Além dos países da Cortina de Ferro (Europa Central e Oriental), passaram a ter governos comunistas Estados do Extremo Oriente (China, Coréia do Norte, Vietnã, Laos, Camboja), do Oriente Médio (Iêmen do Sul), da África (Angola, Moçambique, Etiópia) e até mesmo da América Latina (Cuba, onde Fidel Castro se transformou no mais antigo ditador do mundo – está no poder desde 1959).
Finalmente, os avanços tecnológicos provocados pela guerra resultaram em numerosas aplicações pacíficas, que vão desde a penicilina até o radar ou a propulsão a jato para os aviões.