Napoleão Buonaparte, segundo filho de uma família de oito irmãos, nasceu a 15 de agosto de 1769 na cidade de Ajaccio (capital da Córsega) – que fora cedida por Gênova, um ano antes, ao domínio francês.
Membro da pequena nobreza, teve direito ao estudo gratuito pelo fato de seu pai ser conselheiro da cidade. Aos dez anos, entrou na Escola Militar de Brienne, e aos 15 anos conseguiu ser aprovado no exame de admissão à Academia Militar Real de Paris, onde foi discriminado pelo fato de ser italiano e da pequena nobreza; não obstante, sobressaiu no estudo de Matemática e Ciências, além de se tornar um profundo conhecedor de História e Geografia.
Sua carreira militar foi meteórica. Quando a cidade de Toulon era ocupada por ingleses, o capitão Buonaparte, de 24 anos, demonstrou a habilidade que lhe seria peculiar: o deslocamento de tropas e a concentração de golpes. Graças a isso, venceu os ingleses com facilidade e passou, num período de quatro meses, de capitão a general de brigada.
Na fase popular da Revolução Francesa (período jacobino), foi amigo e protegido de Robespierre e no período seguinte ao golpe de 9 Termidor, foi por isso acusado de conspiração e traição. Acabou sendo libertado, mas ficou suspenso dos serviços militares até redimir-se ao reprimir, com grande carnificina, uma insurreição dos realistas (monarquistas que desejavam o retorno dos Bourbons), salvando a Convenção. Sua eficiência foi premiada com a função de comandante geral do Exército do Interior.
Em 1796, foi nomeado comandante do Exército Francês na Itália e se casou com uma viúva de reputação duvidosa, Josefina. Esse casamento recebeu diversas interpretações. Uns afirmam que ele o fez por considerá-la seu grande amor, enquanto outros afirmam que ele a usou para ser aceito pela nova camada dominante, livrando-se de sua origem italiana. Nessa ocasião, retirou o “u” do sobrenome para soar mais francês, além de aumentar sua idade em 3 anos.
Na Campanha da Itália, demonstrou brilhantismo como estrategista e comandante de tropas. Sua simpatia e popularidade preocupavam o Diretório, que por isso procurou mantê-lo distante da França.
A Campanha do Egito, inútil e mal pensada, obteve pouco sucesso, mas grande popularidade e realizações culturais, com o envio de inúmeros documentos e peças arqueológicas para o Museu do Louvre. Voltou para derrubar o Diretório e, através do Golpe do 18 Brumário, conseguiu sua ascensão ao poder, com o Consulado.
O Código Civil que assegurou as conquistas burguesas.
Como Primeiro Cônsul, promoveu a reorganização da França, abalada pelos anos de revolução: reforma fiscal, administrativa, financeira e sua mais notável obra, O Código Civil Napoleônico (que representava uma reforma das leis até então existentes no país, relativas a particulares, família, propriedade e contratos). Conseguiu tornar o governo ágil e eficaz, e a Corcordata de 1801 com o papa Pio VII acabou por facilitar-lhe o acesso ao maior título que poderia almejar: Imperador.
Ao adotar o título de “Imperador dos Franceses”, Napoleão criou uma nobreza, formada por burgueses e por seus fiéis generais e marechais.
No seu Império, submeteu a Europa a seu controle, vencendo a Áustria, Prússia e Rússia, facilitando a expansão dos ideais revolucionários.
Sua glória só não foi total porque seu grande inimigo, o almirante Nelson, que já destruira sua frota no Egito, novamente destroçou a esquadra francesa na Batalha de Trafalgar, impedindo seu sonho de dominar os mares e invadir a Inglaterra. Em represália, decreta em Berlim o Bloqueio Continental na tentativa de enfraquecer a economia inglesa, obrigando os países da europa a fecharem seus portos ao comércio inglês, sob o risco de serem invadidos por tropas francesas.
Os problemas logo apareceram. Faltava-lhe um herdeiro; por isso divorciou-se de Josefina e casou-se com Maria Luiza da Áustria. Seus irmãos, colocados como governantes em lugares estratégicos, demonstravam incompetência e conspiravam contra ele.
A Campanha da Rússia (1812) revelou-se um verdadeiro desastre. Sua obstinação em punir aqueles que desobedecessem ao Bloqueio Continental o conduziu a um massacre, pois seu exército foi arrasado: levou 600 mil soldados e retornou com apenas 30 mil.
Sua derrota promoveu a união de seus inimigos, e o povo estava cansado de suas guerras de ambição e das milhares de mortes que elas causavam.
Sem apoio, sucumbiu e abdicou. Retirou-se para a ilha de Elba, onde ficou afastado por 10 meses, até fugir e ser relativamente bem recepcionado pelo caminho que o levaria a Paris. Seu erro foi acreditar que ressuscitaria o amor do povo por seu imperador, sem perceber que a volta dos Bourbons era para eles muito pior. Com nova derrota, agora em Waterloo, foi exilado na ilha de Santa Helena, de onde só sairia para ser enterrado na França.